From “M.S.” / Cargo
22 de Outubro de 2024
We are very tired of the world, life, other people and ourself — we would appreciate any advice as what to do? To be a bit specific, we are tired of learning about dead children (both in war and generally). We’re tired of thinking “where is all this headed?” every second of the day. We’re tired of news people and tired of the endless stupidity of the unproductive negative “discourse” they create. We are tired of the expensive (both environmentally and financially) embedded obsolesces of technological hardware (phones, laptops, cords, etc.) and tired of the executives who pretend they don’t implement these transcendentally wicked blights. We are tired of our love of processed foods and tired of thinking about the deadly cell growth that it may cause. We’re tired of the gossip parading as philosophy. We are tired of our own infinite bad habits. We are tired of the constant middling to severe hatred of our own body. We are tired of everyone’s insane confidence in their perspectives. We are tired of all the urges and memories. We’re tired of not being able to get our true projects off the ground. We’re tired of the death of books (because of what that death really means — namely the death of humans being able to think improvisationally and the subsequent ability of corporations to be able to turn human heads into a network of unthinking actual corporate nodes). We’re tired of the sanctimony of the Right. We’re tired of the sanctimony of the Left. We are tired of porn and all of the sad soul crushing spokes that radiate out from it (tired of the people who say its amoral and tired of the people who rationalize it). We’re tired of the steady replacement of good mornings and hellos with something akin to either blank paranoia or legitimized easy avoidance (the foolish thought that we’ve entered a new era of independence where quotidian kindness is somehow unnecessary). We’re tired of thinking about what people are going to do if Harris wins. We’re tired of thinking about what people are going to do if Trump wins. We’re tired of the fake stories we tell ourself to make sense of a story-less universe (the endless single perspective anthropomorphism). We’re tired of feeling like we’re stuck in a perpetual home room world right before a school shooting (or the week after). Tired of people mostly only taking on easy targets. Tired of that grotesque thing in everyone’s hand. Tired of people being told to love themselves but it really being a trick by businesses and governments to get everyone to consume more. Tired of the hoards of Facebook vampires, Instagram vampires, YouTube vampires, X vampires, TikTok vampires, Twitch vampires, Snapchat vampires, LinkedIn vampires, Reddit vampires, Discord vampires, WhatsApp vampires, and their hoards of stupid familiars. Tired of our own complaining and its closed reverberations and shrill feedback. Tired of the fake battle between tradition and newness (they’re really inseparable, inter-defining and indistinguishable).
We know “the race begins when you’re tired,” etc. and we know that many situations are far worse than our own but... 🤷
(Surprisingly we’re not tired of scenarios like wind blowing through the leaves of trees in defunct and forgotten parking lots...)
* * *
“The soul’s weariness is the precursor to its renewal.”
It seems you must get away and go somewhere un-networked; a place beyond where you only see manifest corporate/profit intrusion. It may take a moment to figure this out. But it can’t just be a purchase of a ticket to a magnificent landscape or whatever, it must be a real attempt to get beyond your “understandings” — maybe it’s not a physical place at all. Perhaps it’s meditation (likely at least part of it). It might be the reading of a significant book from cover to cover without apology. Maybe it’s death.
You must reconnect with the truth of not knowing. Fatigue and belief are inextricably linked. You must break apart the weariness of your calcified knowledge and be “shaken by awe in the face of eternity.”
It is a world of opinions only on the surface. Try to unveil the inviolable, innocent strength that pulses through all things in this world whether processed foods, the clothes journalists wear, the patterns of thoughts in your head, or the patterns of currents in the oceans.
Perhaps you should strive to see all things in the manner in which you see the “wind blowing through the leaves of trees in defunct and forgotten parking lots.” That definitely seems a good start.
Estamos muito cansados do mundo, da vida, das outras pessoas e de nós próprios — agradeceríamos algum conselho sobre o que fazer? Para sermos um pouco mais específicos, estamos cansados de saber da morte de crianças (tanto na guerra como no geral). Estamos cansados de pensar “onde é que isto vai parar?” a cada segundo do dia. Estamos cansados dos jornalistas e da interminável estupidez do “discurso” negativo e improdutivo que criam. Estamos cansados da obsolescência programada dos hardwares tecnológicos (telemóveis, portáteis, cabos, etc.), tanto pelo seu custo ambiental como financeiro, e cansados dos executivos que fingem não implementar propositadamente essas pragas transcendentalmente perversas. Estamos cansados do nosso amor por comida processada e de pensar no crescimento celular cancerígeno que esta pode desencadear. Estamos cansados da coscuvilhice disfarçada de filosofia. Estamos cansados dos nossos próprios infinitos maus hábitos. Estamos cansados do ódio constante, desde o moderado ao severo, que sentimos pelo nosso próprio corpo. Estamos cansados da confiança absurda que toda a gente tem nas suas próprias perspetivas. Estamos cansados de todos os desejos e memórias. Estamos cansados de não nos conseguirmos dedicar aos nossos verdadeiros projetos. Estamos cansados da morte dos livros (e do que essa morte realmente significa — nomeadamente, a morte da capacidade humana de pensar de forma improvisatória, e a subsequente capacidade das corporações de transformarem a mente humana numa rede de nós corporativos acríticos). Estamos cansados da santimónia da Direita. Estamos cansados da santimónia da Esquerda. Estamos cansados de pornografia e de todas as engrenagens tristes e esmagadoras que dela irradiam (estamos cansados das pessoas que dizem que é amoral e cansados das pessoas que a racionalizam). Estamos cansados da substituição gradual dos “bons dias” e “olás” por algo semelhante a um vazio paranoico ou a uma esquiva fácil legitimada (a ideia absurda de que entrámos numa nova era de independência em que a gentileza quotidiana é, de alguma forma, desnecessária). Estamos cansados de pensar no que as pessoas vão fazer se a Harris ganhar. Estamos cansados de pensar no que as pessoas vão fazer se o Trump ganhar. Estamos cansados das histórias falsas que contamos a nós próprios para dar sentido a um universo sem história (o antropomorfismo infinito e unilateral). Estamos cansados de sentir que estamos presos numa gigantesca sala de espera antes de um tiroteio (ou na semana a seguir a um). Estamos cansados das pessoas atacarem alvos fáceis. Estamos cansados daquela coisa grotesca na mão de toda a gente. Estamos cansados de ouvir dizer às pessoas para se amarem a si próprias quando, na verdade, isso não passa de um truque de empresas e governos para as fazerem consumir mais. Estamos cansados das hordas de vampiros do Facebook, vampiros do Instagram, vampiros do YouTube, vampiros do X, vampiros do TikTok, vampiros do Twitch, vampiros do Snapchat, vampiros do LinkedIn, vampiros do Reddit, vampiros do Discord, vampiros do WhatsApp, e das suas hordas de parentes estúpidos. Estamos cansados das nossas próprias queixas e do seu eco fechado e estridente. Estamos cansados da falsa batalha entre tradição e novidade (são realmente inseparáveis, interdefinidas e indistinguíveis).
Sabemos que “a corrida começa quando estamos cansados”, etc., e sabemos que muitas situações são muito piores do que a nossa, mas… 🤷
(Surpreendentemente, não estamos cansados de cenários como o vento a soprar nas folhas das árvores em parques de estacionamento abandonados e esquecidos…)
* * *
“O cansaço da alma é o prenúncio da sua renovação.”
Parece que precisas de te afastar e ir para algum lugar sem rede; um lugar onde não estejas constantemente rodeado por intrusões corporativas e comerciais. Pode demorar um pouco a descobrir onde é esse lugar. Mas não pode ser apenas uma questão de comprar um bilhete para uma paisagem magnífica ou algo do género; tem de ser realmente uma tentativa de ir além das tuas “compreensões” — talvez não seja sequer um lugar físico.
Talvez seja a meditação (provavelmente, pelo menos fará parte). Pode ser a leitura de um livro significativo do início ao fim, sem desculpas. Talvez seja a morte.
Tens de te reconectar com a verdade de não saber. O cansaço e a crença estão inextricavelmente ligados. Tens de quebrar o desgaste do teu conhecimento calcificado e ser “abalado de espanto perante a eternidade.”
É um mundo de opiniões apenas à superfície. Tenta desvendar a força inviolável e inocente que pulsa em todas as coisas deste mundo, sejam elas alimentos processados, as roupas dos jornalistas, os padrões de pensamento na tua cabeça, ou os padrões das correntes nos oceanos.
Se calhar devias tentar ver todas as coisas da mesma forma que vês “o vento a soprar nas folhas das árvores em parques de estacionamento abandonados e esquecidos.” Isso parece, sem dúvida, um bom começo.
